JARDIM DA CASA RAMPA
São Paulo, SP
Texto Isabel Duprat
A proximidade de prédios altos assolando o terreno impunha um desconforto ao lugar, quer pela sensação de total falta de privacidade, quer pela certeza de que o espaço estava fora de escala. O terreno parecia estar comprimido. É surpreendente como podemos muitas vezes reverter esta impressão. A casa em São Paulo projetada por Marcio Kogan está locada próxima a uma das divisas e sugeri um pequeno deslocamento para que a belíssima Sibipiruna já existente fosse salva. A divisa oposta tem uma massa de palmeiras e árvores que foram preservadas por uma mureta de pedra que projetei para proteger o nível da vegetação, já que a casa foi implantada 1 metro acima da antiga construção. Esta mureta, entrando na piscina, forma o anteparo que dá um afastamento necessário da divisa criando um espaço generoso para incorporar mais plantas às já existentes, trazendo profundidade e aconchego ao jardim.
Desenhei a piscina como uma água que fosse envolvida pela vegetação quase como um canteiro que tivesse a propriedade de refletir e iluminar. Para reforçar essa sensação usei como revestimento ardósia cinza, que tem a propriedade de imitar o céu, o que dá uma peculiar alternância de cores em função da mudança da luz.
Camadas de vegetação foram criadas, onde uma jaboticabeira frondosa se junta a alguns ipês, que amarelam no fim do inverno, além de um conjunto de árvores de estrutura vertical, como os triplaris e paus-mulatos, e outras copadas, como o jacarandá caroba e o ipê roxo, que captam a atenção e nos distanciam do impacto dos altos edifícios do entorno.
O piso de basalto entremeado por grama faz o acesso e passagens pelo jardim, onde plantei forrações e arbustos floridos, como a medinilla, a sobralia, diversas begônias e crinum.
Área de intervenção 850 m²
Projeto e execução 2010 -2014
A Collection for Living in. Abitare, maio de 2018
Monolito 41/42. Studio MK 27; 2018
