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JARDINS DO MÓDULO REBOUÇAS

São Paulo, SP

Texto Isabel Duprat

 

A localização na esquina da avenida Rebouças com a Capote Valente, em um corredor importante da cidade, sugere que o edifício seja generoso com o lugar. Desta forma, tirando partido dos 5 metros do recuo obrigatório da construção, cujo destino seria um canteiro imprensado na parede como tantos outros. Nosso projeto propõe que se ofereça para a cidade esta faixa, que somada à calçada cria uma pequena praça, dando um respiro que proporciona um estar agradável ao pedestre que caminha pela avenida turbulenta.

Bancos de basalto, a mesma pedra que escolhi para a base da fachada do edifício, encontra o chão na proporção da paginação das esquadrias, marcando a linha do terreno e acompanhando o desnível da rua. Desta forma, em alguns trechos o banco se transforma em apoio.  Fomos surpreendidos pelo uso dos bancos por skatistas, o que nos forçou a colocar pontos de impedimento que evitassem o uso desta forma porque estavam sendo extremamente danificados. A parede que vivia sendo pichada recebeu um grafite. Foi a forma de deixar ela quieta. Assim foram resolvidos os problemas. Por que temos uma percepção tão precária e desentendida do coletivo? Na minha experiência no Departamento de Parques e Áreas Verdes, ainda estudante, já observava atônita o vandalismo inclemente das praças públicas, cujo processo de destruição começava no dia da abertura. Não evoluímos muito desde então. O espaço público é entendido como um lugar de ninguém, onde podemos tudo, inclusive destruir.

Sibipirunas foram plantadas para dar sombra aos usuários dos bancos fazendo a linha da calçada e aconchegando a pequena praça. O piso drenante monolítico garante uma boa absorção da água da chuva e envolve toda a área externa do edifício em contato com a rua e calçada, para carros e pedestres.

​Este projeto começou de fora para dentro com o propósito de privilegiar o espaço público. Os bancos de basalto da calçada se estenderam para as áreas externas privativas, dando a mesma leitura ao jardim como um todo. Aproveitando uma área de solo natural, tão rara em jardins de edifícios, plantamos jaboticabeiras, lembrando os quintais das antigas casas do bairro de Pinheiros e trazendo para o dia de trabalho a alegria de acompanhar o ciclo de uma árvore de fruta, da flor até o seu amadurecer. Um piso de seixo possibilita o caminhar sob suas copas e seus frutos. Massas verdes de diferentes volumes dão profundidade aos limites do lote. Pitangueiras pontuam o grande terraço aberto da cobertura de onde se tem uma esplendida vista da cidade.

Pá_transp_inclinada.png
Lapiseira transp inclinado2.png

Área de intervenção 2750 m²

Projeto e execução 2012 a 2015

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