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JARDIM DA CASA AMARELA

São Paulo, SP

Texto Isabel Duprat

Uma visita à Casa Amarela, algum tempo depois. Interessante observar o desenvolvimento das plantas, como cada uma foi ocupando seu espaço, e que, apesar do trânsito intenso da rua, ao entrar na casa você tem uma sensação bem agradável e tranquila. O edifício que não deveria estar ali ao lado, bisbilhotando sozinho todas as casas em volta, já não causa tanto impacto. Os jerivás, com tanta vitalidade, cumprem seu papel dando escala ao lugar relacionando-se em altura com dois antigos e enormes pinheiros existentes, garantindo privacidade. As Strelitzia juncea estão magníficas enfeitadas com flores selvagens. As oliveiras, com sua cor prateada, debruçaram-se à beira da piscina com elegância. A pérgola apoia generosos e intrigantes cachos azul turquesa da trepadeira jade. Fiquei feliz em ver este jardim amadurecer.

A casa amarela já fazia parte do meu imaginário. Ali morava Assis Chateaubriand. Quando víamos da rua aqueles pássaros voando numa enorme gaiola que ocupava todo o jardim, tínhamos sentimentos estranhos e nos consolávamos com a ideia de que até tinham espaço para voar, um pouco mais que numa gaiola convencional! Inimaginável esta cena hoje. Bem melhor assim.

Os projetos que me deram mais prazer são aqueles em que as relações de trabalho são respeitosas, quando o cliente é parceiro em todo o processo. Aqueles trabalhos em que sinto a liberdade e o frescor de criar. Este projeto foi um deles. Partiu da aquisição do terreno contíguo e o desafio de integrá-lo à casa existente que ocupava praticamente todo o lote, com exceção da parte frontal.

O arenito São Carlos, frequentemente usado na pavimentação externa das casas do Jardim Europa nos anos 50, foi a base dos pisos  e muretas do novo terreno de forma a dar unidade às áreas de jardim.

O desnível entre os terrenos, de aproximadamente um metro em relação à edícula e às cotas dos pinheiros existentes, além da jabuticabeira, foi resolvido com escadas, de um lado para se chegar a um segundo plano de jardim e, de outro, para acomodar o desnível com as salas laterais que são adaptações das antigas construções do novo lote. Uma pérgola foi desenhada repetindo as colunas da casa existente e conectando a casa aos anexos e ao jardim.

A piscina, como um lago de cor verde, encaixa-se no desnível do terreno e é abraçada por um muro de pedra que mergulha na água.

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Uma grande massa de vegetação envolve todo o jardim junto às divisas de forma a criar uma proteção visual em relação aos vizinhos e à rua e trazer aconchego e cheiro de mato ao jardim. Muitas samambaias, palmeiras e filodendros, mimetizando as áreas de apoio, entendem-se com a delicadeza de arbustos floridos. Melaleucas, oliveiras, ipês amarelos, callistemon e dypsis fazem o envoltório.

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Plantas original transp.png
Lapiseira transp inclinado2.png

Área de intervenção 1700 m²

Projeto e execução  2006 – 2008

Casa Amarela
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