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JARDIM DAS SIBIPIRUNAS
São Paulo, SP
Texto Isabel Duprat
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A grande beleza deste terreno em São Paulo, que se abre para uma esquina, e a razão de sua escolha são quatro sibipirunas magníficas já com seus 60 anos ou mais, espalhando energia sob as suas copas rendilhadas. 

 

Se as árvores são a riqueza do terreno tudo deve ser pensado para protegê-las e reverenciá-las. O projeto da casa de Jacobsen Arquitetura previa uma pérgola apoiada no muro frontal contendo uma destas árvores. Meu primeiro movimento foi propor libertá-la de forma que a beleza de seu tronco e sua copa se oferecesse para o jardim. O olhar do paisagista tem como referência de escala o céu, e a árvore é o elemento que faz esta ligação.

 

A piscina quadrada anteriormente proposta, estava muito próxima a uma magnólia (Magnolia grandiflora), que seria também preservada e para isto suas raízes deveriam ser protegidas com um afastamento de qualquer intervenção. Esta proteção das árvores, para ser efetiva, deve respeitar a altura de terra do colo da árvore, que é o ponto de partida das raízes do tronco. Como a casa ficou na sua implantação acima do terreno original e o deck da piscina aproximadamente 60 cm acima da cota do colo das árvores, foi necessário o acerto do terreno com um caimento que preservasse a cota do colo de todas as belas árvores do terreno. Ainda que fossem 20 ou 30 cm, o colo deve ser respeitado, não pode haver o soterramento. É muito comum este requisito não ser observado e vermos árvores importantes morrerem após um ou dois anos por esta razão.

 

Pensei a piscina como um recorte verde escuro em um pátio de travertino, continuando o piso do terraço das salas com vista para o jardim. Esta posição da piscina, agora com uma forma retangular mais alongada e o seu deslocamento para a face sul do terreno, possibilitou uma área maior de jardim à esquerda, que desta forma recebeu com dignidade uma obra do escultor uruguaio Pablo Atchugarry e ao mesmo tempo garantiu o espaço para fazer o fechamento necessário e dar privacidade ao viver da casa, além de profundidade ao terreno. Fizemos este fechamento com Pinangas coronata,  Ptychosperma macarthurii e Strelitzia augusta de  aproximadamente 7 metros de altura.  Um caminho de basalto que garantiu acessibilidade confortável ao terraço é ao mesmo tempo um passeio pelo jardim, oferecendo a possibilidade de desfrutar a casa e o próprio jardim de um outro ângulo.

  

Quando durante a obra foi anexado um outro terreno na face noroeste do lote, criamos sob uma pérgola um jardim com palmeiras Ptychosperma elegans forrado com samambaias, sobrálias e filodendros. A copa das palmeiras minimiza a vista do vizinho a partir dos quartos do andar superior da casa e este jardim mostrou vocação para receber orquídeas. Junto à sala de ginástica e sauna, plantamos um pequeno pomar com caqui, limão, pêssego, romã e um horta com temperos e ervas.

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Pá_transp_inclinada.png
Lapiseira transp inclinado2.png

Área de intervenção 1600  m²

Projeto e execução 2013 - 2016

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Casa Tropical: Houses by Jacobsen Arquitetura. Philip Jodidio, Thames & Hudson, 2020

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Crown shyness

Isabel Duprat Jardim das Sibipirunas

Esta bela foto que ganhei do meu irmão André foi tirada das sibipirunas deste terreno em uma das suas bicicletadas pelo bairro a caminho de sua casa. Fiquei intrigada com o fato das copas não se encostarem. Fui atrás de entender e descobri que este fenômeno é estudado, tem o apelido de “crown shyness” e não se tem a certeza do que causa. É mais frequente em alguns tipos de árvores da mesma espécie.


Uma das hipóteses para este “distanciamento social”, é a de que o vento pode ajudar a manter as árvores afastadas fazendo bater os galhos uma das outras, melhorando a entrada de sol e evitando o ataque de insetos e parasitas. Com o tempo a própria árvore aprende o seu lugar e mantém a distância.


A certeza que temos é que estamos diante de um belo acontecimento, que podemos olhar para o céu e admirar.

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