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Projetando 2

Falar sobre o projetar é difícil. Prefiro falar sobre as emoções que permeiam o processo, na intuição que traça a primeira linha do desenho e que quase sempre é a melhor linha. A emoção que sentimos em vivências inesquecíveis saboreando paisagens que de alguma forma vão transpirar inspiração.


A savana com uma pequena paleta de cores é tão dramática! Como é possível? Quase uma síntese do universo. A Patagônia silenciosa e a sua imensidão oceânica invadida pelo frenesi do vento constante. Quando do alto de uma montanha que acabamos de subir contemplamos a beleza suave de um vale e encaramos a vastidão à nossa frente. E muitas outras visões colecionadas ao longo da nossa existência que atuam no momento da criação de forma inexplicável.

Prefiro discorrer sobre a ideia e a inspiração do que sobre o conceito de um projeto. A ideia é mais simples, menos teórica, mais intuitiva, menos elaborada, ou melhor, menos justificada, mas não é mais fácil. É, sim, mais verdadeira e libertadora.

Lendo um precioso livro de Peter Zumthor, Pensar a arquitetura, em suas reflexões sobre o projeto ele nos fala: “Quando os arquitetos falam de suas obras, o que dizem não casa com exatidão com o que contam suas próprias obras. Provavelmente isto tem a ver com o fato de que dizem muito sobre os aspectos reflexivos de seus trabalhos e dão pouco a conhecer de suas secretas paixões que movem realmente seu trabalho”.


Penso que se esta paixão desaparece, a inspiração se esgota.





texto e aquarela Isabel Duprat

Maio de 2018

Zumthor, Peter. Pensar la arquitectura. Editorial Gustavo Gilli, 2014

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