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PLAZA DE LAS TORRES, WORLD TRADE CENTER

Montevideo, Uruguai

Texto Isabel Duprat

Montevideo foi uma deliciosa descoberta que o projeto da Plaza de las Torres no WTC proporcionou. Ir a esta cidade diversas vezes durante o desenvolvimento do projeto me fez conhecer um viver urbano com um compasso de tempo absolutamente diferente do nosso viver paulistano, com uma mirada mais para a Espanha e menos para os países da América do Sul, uma melancolia trágica permeada de costumes e ritos muito próprios. É uma bela cidade gentilmente esparramada às margens do rio da Prata, o rio que parece mar, com uma “rambla” impecável acompanhando as bordas praianas.

 

A localização dos edifícios em uma esquina formada por duas importantes avenidas do bairro de Buceo sugeriu-me a concepção de um projeto que oferecesse uma praça de caráter público. Contida entre os três edifícios, atuando como ponto focal para o complexo e ao mesmo tempo aberta para a cidade, a praça foi projetada estendendo-se para o entorno através do desenho das calçadas e da arborização, além de dois espaços de estar, promovendo a identificação do WTC com a cidade. Sobretudo pensei nesta praça como um espaço de bem estar e por isso de permanência.

 

Dois dos edifícios que compunham o complexo àquela época, projetos do escritório Kimelman Moraes, estavam concluídos e ocupados e o terceiro em execução. Desta forma o projeto da praça sobre a laje partiu de uma limitação estrutural impedindo que se trabalhasse com cargas mais expressivas, o que limitou fortemente uma maior presença da vegetação. Acrescido a isto, para atender as necessidades do empreendimento, seria necessário destinar uma grande área para estacionamento.

Trouxe então para a praça a presença da natureza através da bela luz que inunda este meridiano, dos reflexos, do vento cortante que não para de correr, da água com seu movimento e da pedra inerte. O elemento vegetal é estrutural e pontual. A natureza se impõe pelas formas orgânicas e pela equivalência. Olhando um papel com desenho de William Morris, na parede da minha casa, com inúmeras folhas em ramos contínuos, imaginei suas formas naquela praça, ora contendo o phormium verde amarelo, que assumiria o vento indo para lá e para cá, ora virando água encobrindo pedras soltas ou bancos de granito para estar.

Em três pontos onde foi possível contar com volume de terra para árvores, desenhei três cubos onde plantei três anacauitas e um timbó para proporcionar um pouco de sombra.

A imagem de uma foto que fiz anos antes de um bambuzal embalado pelo movimento do ar, me fez pensar como seria esta estrutura dos colmos refletida no chão, inspirando o desenho do piso que se estendeu até a calçada, passando pela área destinada ao estacionamento e desta forma dando à praça uma maior dimensão. Este desenho em feixes diagonais ganhou também as coberturas visíveis dos andares das torres, em forma de canteiros de forrações de diferentes tons de verde.

 

Trazendo a arte para o cotidiano dos usuários e estimulando ainda mais o diálogo do WTC com a cidade, pensei em uma grande escultura de aproximadamente cinco metros de altura que atuasse também como um marco referencial da rua à praça. Sugeri que um artista uruguaio fosse chamado e, assim, Pablo Atchugarry nos proporcionou uma bela escultura de ferro fazendo referência aos barcos e à proximidade com o rio. A ideia de incluir uma obra de arte no projeto inspirou a realização de um concurso para jovens artistas, que durante alguns anos expôs na praça as esculturas selecionadas.

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Área de intervenção  Plaza de las Torres: ~ 4200 m²

                                   Coberturas ~ 2700 m²

                                   Calçadas: ~ 2800 m²

Projeto e execução 2007 – 2008

WTC Montevideo Magazine, junho 2009

Women Garden Designers 1900 to the Present. Kristina Taylor, Garden Art Press, 2015

WTC Montevideo
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